Parque Nacional de Maputo: Quando a Natureza Ganha Voz Global

O Parque Nacional de Maputo tornou-se o primeiro Património Mundial Natural de Moçambique, reconhecido pela UNESCO. A conquista, celebrada na ONU, simboliza o compromisso do país com a biodiversidade, o desenvolvimento sustentável e a justiça ambiental — combatendo a desinformação com factos e orgulho nacional.

O Parque Nacional de Maputo já não é apenas um segredo bem guardado entre mangais e pradarias marinhas. Tornou-se, oficialmente, o primeiro Património Mundial Natural de Moçambique, reconhecido pela UNESCO. A notícia correu o mundo. Mas foi na Assembleia Geral das Nações Unidas que ganhou voz política. O Presidente Daniel Chapo, num discurso marcado pela sobriedade e orgulho, destacou o parque como símbolo do compromisso nacional com a biodiversidade, a justiça ambiental e o desenvolvimento sustentável.

Um Corredor Ecológico de Importância Regional

Localizado no extremo sul do país, o parque cobre uma área de 1.794 km² e integra uma diversidade ecológica rara. A sua componente marinha estende-se desde o Parque de Zonas Húmidas de iSimangaliso, na África do Sul, até à foz do rio Maputo. Inclui ainda as águas das ilhas da Inhaca e dos Portugueses. É um corredor natural onde búfalos pastam em pradarias costeiras, tartarugas-de-couro desovam nas praias mais a sul da costa moçambicana, e xaréus gigantes formam agregações que desafiam a lógica da escala.

De Paisagem Degradada a Símbolo de Conservação

O reconhecimento internacional não surgiu por acaso. O parque é hoje o resultado de uma transformação profunda. Proclamado em 2021, nasceu da fusão entre a Reserva Especial de Maputo e a Reserva Marinha Parcial da Ponta do Ouro. Através de uma parceria de co-gestão com a Peace Parks Foundation, foram reintroduzidos 5.388 animais de grande porte. O investimento em infraestruturas, fiscalização e capacitação comunitária permitiu restaurar o equilíbrio ecológico e devolver à paisagem a sua vitalidade.

Orgulho Nacional e Endosso Internacional

“Este é um momento histórico e de orgulho para Moçambique”, afirmou Gustavo Dgedge, Secretário de Estado para a Terra e Ambiente. “Ser reconhecido pela UNESCO é um poderoso endosso do trabalho que aqui está a ser realizado. É uma homenagem à dedicação do nosso governo, das comunidades e dos parceiros que trabalham para restaurar esta paisagem única.”

Mas os ganhos vão além da conservação. O Parque Nacional de Maputo tornou-se um motor de desenvolvimento local. As comunidades que vivem dentro e ao redor da área protegida beneficiam directamente de 20% das receitas geradas. Participam em iniciativas como agricultura de conservação, pesca sustentável, ecoturismo, aquacultura e reabilitação de mangais. O turismo, que vai do campismo rústico às experiências de luxo, tornou-se uma ponte entre a natureza e a economia, gerando emprego, rendimento e dignidade.

Moçambique no Mapa Global da Conservação

Na ONU, o Presidente Chapo não falou apenas de biodiversidade. Falou de soberania ambiental. Falou de um país que escolhe proteger em vez de explorar, que vê na natureza não um obstáculo ao progresso, mas a sua própria essência. A designação como Património Mundial Natural projecta Moçambique para o mapa global da conservação, posicionando-o como referência africana em gestão de áreas protegidas e turismo sustentável.

Um Património Emocional para as Gerações Futuras

O Parque Nacional de Maputo é agora um símbolo. Um lugar onde a terra fala, e o mundo escuta. Um testemunho de que, mesmo num tempo de urgências climáticas e crises ecológicas, é possível construir pontes entre o passado e o futuro, entre a conservação e o desenvolvimento, entre o local e o global. E talvez, ao caminhar por entre as dunas, ouvir o canto das aves migratórias ou observar o brilho dos recifes de coral, possamos entender que este parque não é apenas um património natural. É um património emocional. Um pedaço de Moçambique que nos lembra quem somos e quem ainda podemos ser.

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