Inhaca: Uma Pequena Ilha Onde Se Compõem Histórias de Navegação e Ciência

A Ilha da Inhaca é um refúgio de natureza, ciência e cultura. Perto de Maputo, combina recifes, faróis e comunidades locais, tornando-se um exemplo vivo de turismo sustentável e de orgulho moçambicano.

A Ilha da Inhaca, localizada a poucas dezenas de quilómetros de Maputo, é um dos maiores tesouros do património natural de Moçambique. Símbolo de turismo sustentável, biodiversidade marinha e orgulho moçambicano, este destino combina natureza intocada, cultura costeira e investigação científica. Atravessar o canal até Inhaca é mergulhar num espaço onde o ecoturismo e a história se encontram, oferecendo uma experiência autêntica e profundamente moçambicana.

Entre Chefes Locais, Navegadores e Impérios

O nome da ilha refere-se ao chefe Tsonga Nhaca, figura local que, segundo relatos antigos, acolhia náufragos e comerciantes que chegavam àquela costa. Registos cartográficos europeus já lhe apontavam existência no século XVI, e nos séculos seguintes a ilha funcionou como ponto de apoio para actividades comerciais na baía, incluindo a procura de marfim e o trânsito de navios.

No século XIX, apesar de fazer parte do território colonial português, Inhaca esteve sob ocupação britânica entre 1823 e 1875 — uma presença estratégica ligada ao controlo das rotas marítimas e à repressão do tráfico de escravos.

No século XX, a ilha ganhou um papel científico relevante: em 1951 foi criada a Estação de Biologia Marítima da Inhaca, um centro pioneiro para o estudo das costas e recifes do sul de Moçambique, que continua a receber investigadores e estudantes.

Entre Matas, Mangais e Praias

Inhaca tem cerca de 50 km², com uma forma irregular, dunas interiores e mangais ao longo da baía. O ponto mais alto atinge pouco mais de 100 metros, e a comunidade concentra-se na baía de Maputo, onde predominam as actividades de pesca e agricultura.

As comunidades locais preservam tradições ancestrais e dependem do mar e dos mangais para a sua subsistência, num equilíbrio delicado entre cultura e natureza.

Biodiversidade — Um Arquipélago Vivo

O mosaico de habitats faz de Inhaca um local de enorme biodiversidade: mangais, florestas costeiras, savana e recifes coralinos.
Registos recentes identificam centenas de espécies de peixes, aves e corais, e as praias servem de áreas de nidificação para tartarugas marinhas.

Partes da ilha e das ilhas vizinhas são protegidas como reservas marinhas e terrestres, com esforços crescentes para promover o turismo sustentável e proteger ecossistemas frágeis.

O Farol, a Estação e o Museu

Do alto do farol da Inhaca, modernizado ao longo dos anos, é possível avistar o encontro das águas da baía com o oceano.
A Estação de Biologia Marítima da Inhaca não é apenas um centro científico — é também um espaço de educação e intercâmbio. Cientistas, estudantes e visitantes cruzam-se em torno da curiosidade e da conservação.

O pequeno museu local guarda colecções de amostras marinhas e conta a história de décadas de investigação e descoberta.

Turismo e Alojamento

Ao longo da costa há pousadas e alojamentos locais que recebem turistas nacionais e estrangeiros.
A travessia desde Maputo pode ser feita por ferry público ou lancha privada, cada uma com o seu encanto — o ferry é lento e contemplativo; a lancha, rápida e vibrante.

Inhaca é um destino onde a hospitalidade moçambicana se encontra com a simplicidade natural.

Um Convite à Preservação

Visitar Inhaca é um convite à responsabilidade: respeitar horários de transporte, apoiar negócios locais e seguir práticas de conservação ambiental.
Para quem ama natureza, fotografia, mar e silêncio, a ilha oferece uma experiência única, onde o tempo se mede em marés.

Inhaca é microcosmos — um espaço onde se entrelaçam história, ciência e humanidade.
Proteger a ilha é proteger um fragmento essencial do vasto mosaico natural que forma a costa moçambicana.

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